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Risco Cirúrgico: classificação ASA para veterinária.

InPulse • Jun 19, 2017

A anestesia segura e eficaz de cães e gatos depende da avaliação e estabilização prévia do paciente. O risco cirúrgico é determinado a partir do histórico e da investigação clínica nos momentos anteriores à anestesia. A Sociedade Americana de Anestesiologistas desenvolveu uma classificação em 5 níveis de gravidade (ASA I, II, III, IV e V) a qual deve ser aplicada a cada indivíduo de acordo com suas particularidades. Mas como avaliar o risco cirúrgico de acordo com a classificação ASA?

Avaliação pré-anestésica

A avaliação pré-anestésica do paciente identifica fatores de risco individuais e desafios fisiológicos subjacentes que contribuem com informações para o desenvolvimento do planejamento anestésico. Os fatores a serem avaliados incluem os seguintes:

Histórico: O histórico visa identificar fatores de risco, incluindo respostas a eventos anestésicos anteriores, condições médicas conhecidas e sensibilidade a substâncias. É preciso identificar todos os medicamentos utilizados pelo paciente (incluindo aspirina) e suplementos no intuito de evitar interações medicamentosas adversas.

Exame físico: Um exame físico minucioso pode revelar fatores de risco, como sopro cardíaco, arritmia e sons pulmonares anormais. A condição clínica do paciente pode manifestar sintomas inerentes a sua doença, como desidratação, febre ou dor. Nesses casos, é interessante um trabalho em conjunto com o clínico para que se realize, quando possível, uma estabilização prévia à entrada do animal no centro cirúrgico. Exames laboratoriais e o  eletrocardiograma ( ECG ) , na maioria dos casos são imprescindíveis. Além disso, exames complementares como , ecocardiograma, raio x, ultrassom ou outros testes de imagem podem ser solicitados pelo anestesista.

Idade: A idade avançada pode aumentar o risco anestésico devido a alterações orgânicas advindas do envelhecimento. Diversas doenças ocorrem mais comumente em pacientes idosos, no entanto, estas devem ser investigadas caso a caso. Pacientes pediátricos e neonatos também correm maior risco, pois têm uma maior tendência a apresentar hipoglicemia e hipotermia, além de ainda possuírem os sistemas cardiovascular e metabólico imaturos.

Raça: Variações genéticas são importantes no delineamento do protocolo anestésico, pois algumas raças possuem particularidades como ausência de enzimas importantes, constituição anatômica diferenciada ou sensibilidade a certos medicamentos. Animais braquicefálicos são mais propensos à obstrução das vias aéreas superiores, além de apresentarem um aumento do tônus vagal, fator que exige maior cautela no uso de fármacos que induzem a bradicardia no transanestésico. Greyhounds têm recuperação mais prolongada, devido a falta do citocromo P450, enzima responsável pela metabolização do propofol. Algumas raças de cães (por exemplo, Cavalier King Charles spaniel) e de gatos (por exemplo, Maine Coon) são predispostos a doenças cardíacas com o aumento da idade. Cães de maior porte necessitam de doses mais baixas em comparação às raças menores.

Temperamento: O temperamento agressivo de um animal pode limitar a avaliação pré-anestésica ou tornar o exame impossível. A aplicação de fármacos sedativos para realização de uma contenção química pré-anestésica pode ser necessária para animais que não aceitem a manipulação física. Inversamente, um animal quieto ou deprimido pode se beneficiar de um menor requerimento farmacológico para sedação ou anestesia.

Tipo de procedimento: É importante avaliar o nível de invasividade, o tempo de duração, o risco de hemorragia e a predisposição à hipotermia de cada procedimento cirúrgico. Em alguns casos, a monitoração anestésica pode ficar prejudicada pelo posicionamento ou dificuldade de acesso ao paciente.

Sedação x anestesia geral: Essa escolha depende do procedimento, do temperamento do paciente e da necessidade de monitoração ou suporte. Em geral, a sedação pode ser apropriada para procedimentos mais curtos (menos de 30 minutos) e menos invasivos (por exemplo, procedimentos diagnósticos, remoção de sutura e tratamento de feridas). Pacientes sob anestesia geral requerem acompanhamento adequado e monitoração intensiva. Alguns pacientes, como os submetidos ao tratamento periodontal necessitam de proteção das vias aéreas com suplementação de oxigênio, o que requer um estágio mais profundo de anestesia

Exames pré-anestésicos: Não há um período determinado, antes da anestesia, dentro do qual a análise laboratorial deve ser realizada. No entanto, o momento deve ser razoável para detectar alterações que afetam o risco anestésico. O tipo e o momento de tais testes são determinados pelo veterinário com base nos fatores mencionados anteriormente, bem como por qualquer mudança no estado do paciente ou pela presença de doença concomitante. A admissão do paciente para realização do procedimento e a classificação do risco cirúrgico é de responsabilidade do anestesista e deve ser baseada na análise pré-operatória multifatorial, não sendo determinada por um único exame ou característica do paciente.

Classificação ASA

A categorização de pacientes usando o Sistema de Classificação do Estado Físico da American Society of Anesthesiologists (ASA) fornece uma estrutura para avaliação (veja abaixo). Os doentes com um estado de ASA mais elevado têm maior risco de complicações anestésicas e requerem precauções adicionais para garantir um melhor resultado.

  • ASA I – Paciente normal e saudável.  Ex: Animais submetidos a procedimentos eletivos como OSH e orquiectomia.
  • ASA II – Paciente com doença sistêmica leve.   Ex: Animais neonatos ou idosos, obesos, gestantes, cardiopatas compensados.
  • ASA III – Paciente com doença sistêmica grave.  Ex: Animal desidratado, anêmico, caquético, com infecção.
  • ASA IV – Paciente com doença sistêmica grave que é uma ameaça constante à vida.  Ex: Animal insuficiente renal, insuficiente cardíaco descompensado, com hemorragia interna.
  • ASA V – Doente moribundo, cuja expectativa de vida é de aproximadamente 24 horas, com ou sem cirurgia.  Ex: Torção vólvulo-gástrica, choque, trauma grave.

Como é a avaliação pré-anestésica no seu local de trabalho? Conte para nós nos comentários!

Dr. Felipe Borém Teixeira
CRMV- DF 2348

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