O controle do sistema cardiovascular é realizado, em parte, pelo sistema nervoso autônomo (SNA), o qual fornece nervos aferentes e eferentes ao coração, na forma de terminações simpáticas por todo o miocárdio e parassimpáticas ao nodo sinusal, miocárdio atrial e nodo atrioventricular.
Este controle está intimamente ligado à frequência cardíaca (FC) dos pacientes. A partir das informações aferentes, por meio de uma complexa interação de estímulos e inibição, respostas das vias simpática e parassimpática são formuladas e modificam a FC, adaptando-a às necessidades de cada momento.
Quando a FC aumenta há maior atividade simpática e menor parassimpática, ou seja, inibição vagal, enquanto que, a sua redução depende do predomínio da atividade vagal.
Assim, o coração não funciona como um relógio. Seus batimentos não seguem uma regularidade, tendo variação/variabilidade da FC (VFC). Estas variações são normais e esperadas, e indicam a habilidade do coração em responder a estímulos fisiológicos e ambientais, bem como compensar desordens induzidas por enfermidades.
De forma geral, a VFC descreve as oscilações dos intervalos entre batimentos cardíacos consecutivos (intervalos R-R). Pelo grande número de batimentos envolvidos e pela precisão da ordem de milésimos de segundo com que se deve medir os intervalos, é impraticável realizar tal avaliação manualmente.
Na prática recorremos a softwares e equipamentos que sejam capazes de gravar a frequência cardíaca, identificar com precisão os intervalos entre os batimentos sucessivos (NN), medí-los (em ms) e então realizar as análises numéricas.
Os resultados da análise da frequência cardíaca são divididos em dois grupos: a. análise no domínio de tempo e b. análise no domínio de frequência.
Os índices estatísticos, no domínio de tempo, obtidos pela determinação de intervalos RR são:
O gráfico de Lorenz é um método geométrico utilizado para representar a distribuição relativa de uma variável em um domínio determinado, neste caso, para análise da dinâmica da VFC, no qual o intervalo RR é correlacionado com o intervalo antecedente.
Atualmente, os índices de VFC têm sido utilizados para compreensão de diversas condições, como a cardiomiopatia, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, diabetes, acidente vascular cerebral, epilepsia, entre outras.
A sua redução (da VFC) tem sido apontada como um forte indicador de risco relacionado a eventos adversos em indivíduos normais e em pacientes com um grande número de doenças, refletindo o papel vital que o SNA desempenha na manutenção da saúde.
Vale atentar para a limitação de pacientes com marcapasso, onde a FC é modulada pelos equipamentos; pacientes com bloqueio atrioventricular, onde o impulso não é conduzido de forma adequada, impossibilitando a análise dos intervalos R-R.
Dra. Larissa Seibt
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